sexta-feira, 28 de agosto de 2009

A busca pela Hegemonia, por Rondi Ramone

Se pudermos tirar algo de positivo deste recente marasmo em que o Mengão se encontra é a tomada de consciência da Nação. Esta tomada pode se manifestar de diversas formas, muitas confusas, muitas excessivamente autoconfiantes, mas o importante é: a coisa está andando.
Nos acostumamos durante muitos anos com estas chamadas crises que passam pelo Flamengo. Entra crise, sai crise. Mas aí reside um equívoco: três derrotas seguidas, por exemplo, é um sintoma e não a crise em si.
Fico com a idéia desenvolvida pelo marxista italiano Antonio Gramsci, um sujeito com cara de louco, mas com a cabeça no lugar: a crise se manifesta quando o antigo modelo está morto e ainda não se sabe qual será a forma do novo.
Aí está o Flamengo. O mundo inteiro sabe ponto a ponto quais são os motivos desta triste e longa fase que vive o Mais Querido: a famosa estrutura amadora; a confusão administrativa decorrente de um clube de futebol que extrapolou o clube social, mas vive dentro da mesma carcaça; uma classe política que nunca se renova; salários atrasados; falta de responsabilidades e dedicação necessária de dirigentes por conta do sistema anti-profissional, entre tantas e tantas outras questões conseqüentes.
Eu sei disso, você sabe disso, seus amigos sabem disso, até o Pelé sabe disso. Aparentemente apenas os dirigentes políticos do Clube de Regatas do Flamengo não sabem. Ou sabem e fingem não saber. Curtem as coisas do jeito que estão.
Aí entra outra grande idéia deste sujeito esquisito que muito parece o Dr. Octopus: a construção da Hegemonia. A idéia é simples. As determinações políticas de um Estado, ou quaisquer esferas de convívio, como um clube de futebol, são construídas por vários fatores: pela força de quem o ocupa, pelas alianças políticas entre as organizações que o disputam e, também, pelas idéias hegemônicas no seio da sociedade.
O que isso quer dizer? Simples: supomos que o boss Arthur saia candidato à presidente do Fla. Beleza, ele senta na cadeira de honra da parada e tem lá mil idéias. Se não houver um consenso, uma força que lhe dê suporte para realizar tais tarefas, será difícil. O exemplo contrário talvez seja ainda mais claro. Triste cenário: um sujeito otário e sanguessuga vence as eleições do fim do ano. Acontece que a intensidade de debates dos últimos anos sobre a modernização do Flamengo atinge a pequena turma que o elegeu. Esse pessoal se alinhou aos anseios de toda a massa torcedora aqui do lado de fora dos muros da Gávea. Por conta desta realidade, da absorção das idéias modernizadoras no seio da comunidade flamenga, o novo presidente terá de ceder alguns anéis para não perder os dedos. É por isso que não há candidato político neste país que não tenha de se comprometer com uma agenda mínima de questões ambientais, por exemplo: esta idéia se tornou hegemônica na sociedade.
Taí nossa tarefa, Nação. Disputar as idéias, promover ações, debates, protestos dentro e fora da Gávea, se associar ao clube. Ainda estamos em crise, pois não sabemos exatamente qual será o modelo novo que deve substituir essa carcaça escrota que nos atola, mas é nosso papel fundamental ajudar a construí-lo.
Etapa um: ir ao Maracanã amanhã e no final de semana, apoiar nossos jogadores. Que tal construir a Hegemonia do Lado Certo e sem dor de cabeça dentro do campo?
Eu vou pra lá. Como diria a banda Chain of Strength, eu sou flamengo e verdadeiro até a morte! Não se esqueçam de como começou a tão exaltada reação de 2007: com a massa lotando o Maracanã e APOIANDO

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